Meu pobre pai...
Quantos filhos sem linhagem e sem lar?
Tantos anos e sem ninguém lhe encontrar?
Nunca tive um coração de vidro
nem quando ele se quebrou
Ouça meu pai...
Não lhe culpo por ser assim tão pequeno,
admito que já fui mais ingênuo
Sem clemências por estar vivo
mas com a benção do Senhor
Tolo é meu pai...
Tenho seu rosto, talvez até sua fúria
Seu bom-gosto e talvez sua injúria
Sou aquele que se encontrou
o filho sem temor ou dissabor
Ivan, meu pai...
Fui banhado por todo o amor
A Mãe que nunca abandonou
A mão que me embalou
Quem fez e ainda faz
o filho maior que o pai
o filho melhor que o pai
Oh, meu pobre pai!
Viva em paz...
Tão exato quanto à morte é certa
de meu arco você foi a flecha
Voe longe e rumo ao infinito
Não lhe tenho como amigo
Afinal... Maldito pai!
Não é questão de ordem ou de moral
Vá e curta o seu carnaval
Depois, durma e morra sozinho...
Durma e morra sozinho!
Pode dormir tranquilo!
Meu pobre pai!
Autor: Allan Julio (Constante)
Ilustração: Autor desconhecido
Eu e Outros de Nós